Marllus
Marllus Cientista da computação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Raios pessoais

Raios pessoais
Photo by Jonathan Bowers

Desde os primórdios, raiva é um tema instigante. Para mim, ela é um sinônimo de persuasão inapropriada para com o próximo. E depois de anos pensando, chego à conclusão de que esse sentimento ou estado de consciência não se equivale aos fatores que o levaram à sua auto existência.

Da mesma forma que alguém sofre uma agressão, nós agredimos. Por quê? A resposta é simples, apesar de parecer difícil. A raiva, o ódio e a revolta persistem desde à criação, e ao que parece não há fatores que alimente uma pausa consolidada disso tudo. Nós, como animais, reagimos à ação ou causa que nos perturba, assim como os seres ditos irracionais e na utilização do seu extinto “primitivo”. O estopim está aí: perceber o momento em que está saindo do próprio controle. Talvez essa pausa não seja tão “não trivial” assim.

Como pessoas, inegavelmente sofremos agressões, porém, repetir tudo o que colhemos disso, a cada dia, vale a pena? Talvez, no primeiro momento valha, valha muito. Isso é abastecer o ego, o câncer inflamável da mente que cresce dentro de nós e evolui como um mar de revolta e medo, que faz com que todos os que queiram ultrapassar as próprias barreiras sofram com o mal do orgulho e do egoísmo.

Sabe-se, há muito, que a sociedade vem evoluindo a partir de fatores operantes da máquina social, mas, a cada momento, também vem ferindo uma parte que pode vir a ser, dentro de todo um universo racional, um equilíbrio normal. Esse mesmo é que me faz pensar que nós somos seres adaptativos e que, a partir disso, podemos negligenciar tudo o que conhecemos, desde nossa infância à fase atual, ou melhor, progredir na caminhada, mesmo trilhando por passagens bruscas e pelas mais diversas perversões. O importante é o percurso, não o destino. Devemos nos ater a isso.

Tudo que tentei transcrever até agora objetiva que a raiva é um sentimento naturalmente primitivo e irracional, bem como sua proibição inicial não é algo, de certo, voluntário. A causa disso pode ser banal, sentimental e até mesmo louca (não insana), por isso devemos nos estabelecer como pessoas civilizadas e dotadas de crédito mental. Não importa se todas as circunstâncias se voltem para atacar alguém que te fez mal, tente transpor os pensamentos que te perturbam por alegria e amor.

Acalme seu coração, foque no momento. Passado, presente e futuro se resumem em ‘agora’.

Para refletir: No dia em que os céus descerem e a terra subir, nós, meros mortais, deixaremos o orgulho de lado e forçaremos certas amizades que viemos a deixar para trás, no vento. Nesse dia, ousaremos pedir a todos os deuses e santos que nos guiam por luz tanto a vossa iluminação espiritual quanto a execração da dor que nos tormenta. O importante será indagar: ‘Quem são os odiadores?’

Nós mesmos, talvez.