Boi antigo, novos corpos
Isto posto, aquelas velhas cenas.
Rogai novos corpos, graças a Deus.
Bendito seja vosso santo, Deus vos guarde.
Como vai a obrigação?
Só campear na terça, porque segunda é das almas.
Se avexe, porque lá fora é num pé e noutro.
E se o boi num se aparecer?
Sinal de que ele mesmo não quer ir.
Mas o boi que bate o massapê,
É bicho solto, que não tem vez nem rês.
O lombo do hômi se afina.
Porque de trabai vai ter em pé.
Nos fins d’água, no mês da mutuca.
A gente se sai da moita, obscura.
Na carreira, escramuçando.
Sempre acordado, na rua.
E há tempos desmantelados.
Que o cinza se instala.
A parição desanda.
A devoção se corrompe.
Aliás, o gado tá corrompido.
Empestado feito a política.
Não duvido de mais nada.
E tem grudado em todo mundo.
Mas deixemos dessa cousa.
Nosso fôigo é pra focar.
Não tem tempo de pensar.
Na vida que vai se achegar.
Cumpade véi, vem do campeio.
De presidente só tenho o acento.
No pelturí do avarandado.
Deste ilustre passado.
Com a carne de sol de geladeira.
E a paca com café.
Eu vou indo.
De peito limado, na boa fé.
Conversa entre um trabalhador e um trabaiador.
Referência ao poema ‘Vaqueiros do Piauí’, de Hermínio Castelo Branco. Lira Sertaneja. 1972.
Foto: Cássia Mateus. Mercado central de Teresina -PI - Mercado Velho.