Recentemente, tive a oportunidade de assistir a um webinar apresentado por Silvio Meira, onde ele discutiu seu livro intitulado “Exploring the Paraconsistency of Strategies in Minimally Complex Businesses”. A obra aborda como “aceitar e gerenciar” conflitos estratégicos pode se tornar uma vantagem competitiva essencial em negócios complexos. Em outras palavras, trata-se de adotar uma abordagem estratégica baseada em uma lógica não clássica para lidar com as contradições que permeiam o mundo real.
Ao explorar o e-book, um dos aspectos mais marcantes foi o destaque dado ao brasileiro Newton da Costa (1929–2024), renomado lógico e criador da lógica paraconsistente, como um dos principais referenciais teóricos da obra.
A lógica paraconsistente é uma abordagem não clássica que permite trabalhar com contradições de maneira formal e sistemática, sem levar à conclusões arbitrárias ou inconsistentes. Diferentemente da lógica clássica, que considera uma proposição contraditória automaticamente falsa, a lógica paraconsistente admite que duas proposições contraditórias podem coexistir, desde que isso seja devidamente gerenciado. Criada pelo lógico brasileiro Newton da Costa (1929-2024), essa lógica é útil para analisar sistemas complexos, onde as informações podem ser ambíguas, conflitantes ou incompletas, como ocorre frequentemente no mundo real.
Essa perspectiva me levou a refletir sobre algumas questões relevantes, especialmente no campo da avaliação educacional e da análise de fenômenos complexos:
- A aceitação de sistemas contraditórios pode ser considerada a fronteira atual para analisar e compreender fenômenos complexos?
- A lógica paraconsistente seria uma proposta formal para operacionalizar abordagens que consideram o movimento e as contradições do real, como a lógica dialética de Hegel e Marx ou as redes rizomáticas de Deleuze e Guattari?
- De que forma a lógica paraconsistente pode ser aplicada no estudo da avaliação educacional, considerando os desafios e paradoxos intrínsecos ao campo?
Na área de avaliação institucional e educacional, a lógica paraconsistente pode ser aplicada para lidar com a complexidade e os paradoxos inerentes a esses contextos. Por exemplo, instituições de ensino frequentemente enfrentam situações em que dados indicam resultados contraditórios, como, por exemplo, altos índices de aprovação coexistindo com baixa satisfação dos alunos . A lógica paraconsistente permite analisar tais cenários de forma a considerar ambas as dimensões sem descartar nenhuma delas.. Além disso, essa abordagem pode auxiliar no desenvolvimento de indicadores de desempenho que incorporam e gerenciam a pluralidade de fatores, contribuindo para avaliações mais robustas e alinhadas à realidade multidimensional das instituições educacionais.
Para pesquisadores em busca de temas inovadores, essa é uma área rica em possibilidades. A exploração da paraconsistência, especialmente no contexto estratégico e educacional, abre muitos caminhos para novos estudos!
Para saber mais, recomendo conferir este artigo: Paraconsistência: O Poder das Contradições Estratégicas.
Para quem se interessar mais, existem alguns trabalhos na literatura, mas não muitos:
Learning Evaluation Using Non-classical Logics
Uma Ferramenta de Lógica na Contradição da Avaliação de Ensino-Aprendizado