Marllus
Marllus Cientista da computação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 5

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 5
Foto - Mandala

A aproximação da diversidade ao cultivo de produção de alimentos fortifica a base conceitual em relação ao manejo em agroecossistemas. Essa abordagem está cada vez mais em contraponto com o extermínio (simplificação dos agroecossistemas) das relações entre populações em um sistema.

Nesse sentido, é ampla a diversidade proporcionada por uma série de vantagens proporcionadas através dos métodos alternativos desenvolvidos por produtores orgânicos e agroecologistas, tornando-se uma referência no manejo desse sistema como um todo. Várias são as alternativas de manejo de pragas baseadas em interações da comunidade. Essa diversidade tem uma variedade de dimensões distintas, o que pode-se chamar de diversidade ecológica, sendo útil no entendimento da diversidade em nível de ecossistemas naturais e agroecossistemas.

O conceito de diversidade remete ao conjunto de comunidades em um ecossistema. Nesse nível, ela é um ciclo, onde: quanto mais diversidade e variabilidade de espécies em uma população, mais estável e durável são estas relações. Ou seja, essa variabilidade está diretamente relacionada ao nível de resiliência à pertubações externas a esse ecossistema. O tipos de diversidade são: alfa, beta, gama. E estes estão relacionados à escala da diversidade, ou seja, ao tamanho da diversidade em uma comunidade.

Quando ocorre algum tipo de perturbação em um ecossistema natural, cada uma de suas dimensões ecológicas são simplificadas ou retrocedem alguns degraus nessas dimensões. Após essa perturbação, o sistema terá uma sucessão secundária e depois a maturidade, sendo estes processos naturais necessários para o alcance da estabilidade no sistema. Nesse sentido, os agroecossistemas são ecologicamente instáveis pelo fato da contínua modificação em seu fluxo energético, ciclagem de nutrientes e dependência do fornecimento de insumos humanos externos, porém, pode-se caminhar na aproximação deste aos níveis de diversidade em ecossistemas naturais, na busca da diversidade, ou seja, da sustentabilidade. Levar em consideração as diversidade biótica e abiótica é fornecer inúmeros benefícios ao desenho de um agroecossistema.

Alguns métodos para o aumento da diversidade em sistemas agrícolas são: cultivo consorciado, cultivo em faixas, cervas vivas e vegetação tampão, cultura de cobertura, rotações, pousios, cultivo mínimo, aportes elevados de matéria orgânica e redução no uso de insumos químicos. Porém, o manejo da diversidade em nível de produção agrícola é um grande desafio. Conhecer como ela funciona afim de retirar vantagens dessa complexidade é o ponto central no alcance da sustentabilidade.

Nesse contexto, é preciso propor e utilizar-se de recursos científicos que levam em consideração a diversidade das espécies, como por exemplo artefatos para determinação do grau de diversidade em sistemas. Para isso, existem fórmulas e índices que se propõem a tal, como o índice de diversidade de Margalef, Simpson e o de Shannon.

Outro índice muito importante nesse sentido é o Índice Equivalente de Área (IEA), o qual fornece dados a respeito da produtividade de culturas em monocultura ou policultura. Através dele pode-se gerar informações sobre a quantidade de biomassa gerada entre os tipos de consórcios entre culturas, o que pode satisfazer tanto os critérios do pesquisador, na ação planejada do sistema, quanto às do agricultor, antes de iniciar a produção.

Conhecer os pontos que podem ser levados em consideração para o desenho de um agroecossistema é essencial ao agrônomo para o tratamento dos termos relativos à ecologia, sob os aspectos das mais variadas associações e processos existentes entre as culturas para a promoção da sustentabilidade.


1. Por que a maturidade de uma sistema não representa o estágio com maior diversidade de espécies?

Porque ao chegar nessa fase o sistema já enfrentou uma série de processos que ampliam a diversidade de espécies, e na maturidade a consequência desses processos acaba gerando uma diminuição destas, as quais realmente se adaptarão ao sistema.

2. Uma maior diversidade sempre conduzirá a uma maior estabilidade? Depende do conceito de estabilidade. Se esta tem relação ao nível de não perturbação no ambiente, provavelmente não será estável. Caso o sentido de estabilidade esteja relacionado à resiliência e ao nível de robustez de recuperação do sistema então uma maior diversidade tem uma maior tendência de conduzir a uma maior estabilidade. Sempre é um termo reducionista e inadequado neste caso.

3. Podemos chegar em um agroecossistema estável?

Não é um processo trivial, mas pode-se chegar. A questão chave para isso está no manejo de uma variedade de espécies e dos benefícios que cada uma pode gerar no sistema.

4. Quais os grandes desafios do manejo da diversidade numa unidade de produção agrícola?

A mudança de paradigma no manejo da diversidade pode significar mais trabalho, maior risco e incerteza, além do que será exigido mais conhecimento das relações dessa diversidade entre espécies no sistema.

5. Um agroecossistema mais diversificado significa que ele é mais produtivo?

Nem sempre. Para um agroecossistema ser mais produtivo com uma maior variedade de espécies ou policulturas, é preciso manejá-lo adequadamente no sentido de alinhar os benefícios e malefícios de cada cultura a fim de obter vantagens na biomassa gerada para colheita.


Resumo e respostas do capítulo 16 - “Diversidade e estabilidade do agroecossistema” do livro “Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável”. Stephen R. Gliessman. 2001”.
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior - POLEDUC/UFC. Ano: 2018
Disciplina: Agroecologia