Marllus
Marllus Cientista da computação, doutorando em educação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 2

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 2
Foto - Acervo da Rede Agroecológica Raízes da Mata

Diferentemente de como ocorre na agronomia e na agricultura convencional, as práticas de manejo em agroecossistemas que têm como base a sustentabilidade, devem levar em consideração fatores relacionados à diversidade de plantas, animais e microrganismos, que coexistem nas populações em interação e que podem ou não ser de interesse agropecuário.

Para conceber essa noção de diversidade, é preciso entender a fundo os mecanismos relacionados aos processos populacionais, como sobrevivência e reprodução no ambiente do agroecossistema, bem como os processos de manipulação genética dessas populações, criados com a finalidade de melhoria da adaptabilidade e tolerância dessas culturas no ambiente cultivado. Porém, há muitos anos a maioria das pesquisas na área de melhoramento genético de plantas somente têm levado em consideração os ambientes de monocultura, objetivando o reconhecimento e resolução de problemas isolados no manejo, como o controle de uma determinada praga, com a utilização de um insumo externo específico (agrotóxico). A prática de manejo em agroecossistemas requer o oposto disso: abordagem multi populacional no mesmo ou em diferentes níveis tróficos.

A taxa de crescimento populacional é dada a partir de vários fatores, como natalidade, imigração, mortalidade e emigração. Ao longo do tempo o aumento da população ocorre de forma: lenta no início, acelerada até o alcance da taxa máxima de crescimento e desacelerada quando é atingida a capacidade de carga do ambiente (diminuindo ou estabilizando em números).

Essencialmente importante para o trabalho do agroecologista está o entendimento do processo de colonização de novos habitats por indivíduos de uma população, ou em como se dão os estágios de vida desses organismos colonizadores, os quais são: Dispersão, estabelecimento, crescimento e reprodução. Em cada etapa do ciclo de vida ocorrem diversas interações entre os organismos e o habitat, fazendo com que processos e estratégias sejam criados pelas populações, para lhe dar tanto com perturbações externas climáticas quanto com a densidade populacional de outras comunidades, como exemplo as estratégias r e K de indivíduos que otimizam o gasto energético nas etapas de reprodução e crescimento, respectivamente, o que preserva a continuidade da população em função do tipo de fator limitante encontrado no ambiente. A teoria da intensidade estresse/perturbação, desenvolvida pelos ecologistas, permite caracterizar a bionomia em termos de estresse e perturbação, classificando um determinado organismo em: Ruderais, tolerantes à estresse e competidoras. Essa classificação se dá de acordo com os níveis de resiliência apresentados por essas populações em função do nível de estresse e perturbação em seus habitats.

Para compreenderem e tirarem vantagem dos processos da ecologia de populações sobre a agricultura, os produtores (agroecologistas) devem levar em consideração o conceitos relacionados ao nicho ecológico de cada uma, ou seja, compreender a localização física do organismo no ambiente, sua função trófica, seus limites de tolerância às condições ambientais e seu relacionamento com outros organismos, além de saberem relacionar a promoção ou inibição do estabelecimento de espécies invasoras, o controle biológico de insetos-praga e o desenho de sistemas consorciados, junto às bases das estratégia r e K, da intensidade estresse/perturbação e do nicho ecológico de cada população, desenvolvendo, assim, técnicas e princípios de manejo sustentável e efetivo de organismos cultivados e não cultivados.


1. O que permite a coexistência de duas espécies de cultivo muitos semelhantes que, de outra forma, seriam consideradas excludentes entre si, por competição, se deixadas crescer no mesmo espaço de recursos?

Por meio da diversidade de nicho entre espécies envolvidas, onde ocorre a sobreposição parcial dos nichos, sem exclusão.

2. Como pode o conceito de diversidade de nicho ser usado para desenhar uma estratégia alternativa de manejo para uma determinada praga herbívora em um sistema de cultivo?

Estratégias podem ser usadas para gerar a sobreposição de nichos entre uma espécie adventícia e a do sistema de cultivo, como a inserção de insetos ou outras espécies que tenham preferência alimentar ou inibam a praga do ambiente.

3. Identifique diversas etapas particularmente sensíveis no ciclo de vida de uma espécie adventícia, e descreva como esse conhecimento pode ter valor no manejo sustentável de população de ervas.

Nas etapas de germinação e estabelecimento, onde as plântulas podem ter baixas, por perturbações externas. Nesse contexto, pode-se utilizar o conceito de nicho para inibir o estabelecimento de espécies invasoras, criando desvantagens no ambiente de cultivo para estas plantas, bem como promover o crescimento de outras ervas que inibem ou provocam eliminação das invasoras também é uma opção para uma manejo sustentável de ervas.

4. Qual aspecto da demografia de plantas que os agrônomos têm utilizado com sucesso em sua busca intensiva para melhorar rendimentos, mas que sacrifica a sustentabilidade geral do agroecossistema? Que mudanças você faria na agenda de pesquisa dos agrônomos para corrigir esse problema?

Técnicas de melhoria vegetal para obtenção do desempenho máximo de uma população e resolução isolada de problemas de externos.

As mudanças seriam:

  • Identificar os nichos populacionais presentes no ambiente cultivado;

  • Evitar o uso de insumos externos;

  • Identificar as estratégias de adaptação das populações que compõem a comunidade;


Resumo e respostas do capítulo 13 - “Processos populacionais na agricultura: dispersão, estabelecimento e o nicho ecológico” do livro “Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável”. Stephen R. Gliessman. 2001”.
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior - POLEDUC/UFC. Ano: 2018
Disciplina: Agroecologia