Colorindo ideias, colorindo ideais
Recentemente, andei lendo mil críticas aos famosos livros de colorir. A máxima sempre é a mesma: O “algo simples e engraçado” mascara não somente a relutância da sociedade para a leitura “formal” mas, escancara a ignorância de mentes cada vez mais vazias dos nossos ditos “adultos”. Aliadas a isso, vêm as inúmeras negativas pela falta de formalidade para um best-seller. Esses críticos, nos passam a ideia de que há um abuso escandaloso bem no meio disso tudo. Desde Zeca Camargo (e sua “singela” analogia entre Cristiano Araújo e estes livros) o bicho vem (seriamente) pegando fogo.
Livros, por mais obscuros, caretas, imorais, perversos e românticos, podem ser, diversas vezes, vazios como um manequim nu de vitrine ou tão lúdicos quanto a maior roda gigante do parque. Mas, pera aí, quem disse que gosto de roda gigante? Isso só serve pra me fazer vomitar, mas o Ronaldo do RH adora… O ponto está aí. Simples. Focado. Tão Subjetivo.
Querer fazer desta cultura algo “autenticado no cartório” é desafiador e perigoso (para a própria sociedade). Ela (a cultura), sempre foi criada em um universo amplo, sem identificações reducionistas ou simples definições de seu ser. A manifestação é clara e pacífica (até não incomodar o outro, é claro).
A indústria massificadora entra nessa história como algo interessante. Ao mesmo tempo em que esses livros são, desesperadamente, vendidos, a massa (ilustradores), aparece de forma amena, mais concentrada com a natureza e com a cor das leves edificações. Tornam-se os pedreiros e mestres de obras da imaginação, contradizendo muito o anseio do “trabalhe sem medo e sem parar” do próprio capitalismo. Você começa a dar mais olhares para aconcentração, imaginação artística, aguçando a comunicação e o desenvolvimento motor, ao mesmo trazendo mais calma a uma vida tão corrida. Se olhar mais a fundo, ainda estará meditando!
O ato da concentração e foco no momento, te ajuda a manter um olhar mais a purado para as milhares de coisas que acontecem no seu dia e que parecem passar voando (mas não passam).
Olhe mais, crie mais, brinque mais, seja uma criança, não importa a sua idade. A felicidade, complexidade e inteligência não são adjetivos triviais de se conseguir, se você quer tê-los. Esse senso de brincadeira torna a coisa toda muito mais legal, seja lendo ‘Os Lusíadas’ ou colorindo a maior das mangueiras. Não se sinta incapaz, pequeno ou vazio por estar competindo com seu filho quem dá vida a mais árvores e flores. O ato de tentar seguir padrões “inteligentes” (sérios) em tudo que faz, aos poucos vai te causando um dano: o da ilusão de tentar ser um feliz forçado.
Qual o seu posicionamento?