O beijo
O início é tímido,
naqueles gemidos
sinceros e limpos
suspiros ardentes
tão pouco agruras.
Jurando um dia
sem saber
sem ter os porquês
que o que vale é o partir
profundo e intrépido.
Durante as fúrias inimigas
Provando que nem tudo
são flores, afinal.
Andando sempre, caminhando.
Desorientando-se com um fim
quase certo e errado,
pra se achegar em um lugar,
que parece sempre mudar.
Embora sendo vida
mantém e as cria, vivas, vidas,
durante seu percurso,
essencial e solitário.
Cada um partindo,
do seu exílio diário,
rumo a uma liberdade porvir.
E sugados, aos poucos
gritam de dor
matando a sede de muitos
no calor do caminho
no urge gemido
daquilo que os separa
e os une.
Um, vermelho de nascença
Outro, preto escuro,
regido por terras irmãs,
sempre unidas em alma Poran,
mas separadas por cercas
invisíveis e outroras.
Cada um vai, e nem sabe que irá,
Na sua vereda,
no seu caminho milenar,
travar
as maiores batalhas ladinas,
neste percurso descalço,
por algo que nem sonham ter,
E que só resta imaginar.
Lutam pelo caminho
pela vida
pelo ato de querer viver
nascidos,
unidos em essência, vão,
Para no fim, por fim,
acalentarem-se juntos
com um beijo
apertado e liberto
Que une,
um a um,
por si só,
como um só,
sendo um só.
Narrativa realista fantástica dos percalços vividos pelos rios Parnaíba e Poty, ambos nascentes na Chapada das Mangabeiras e Serra dos Cariris Novos, até chegarem em seu grande encontro, e sempre marcado, em Teresina.