Marllus
Marllus Cientista da computação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 8

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 8
Foto - Tarso Lopes/Governo do Tocantins

No referente capítulo, o autor inicia discorrendo sobre os problemas gerados pela conversão de ecossistemas naturais para áreas agricultáveis, em grande parte relacionados aos impactos negativos na diversidade de organismos e processos ecológicos que compõem a paisagem. Gliessman se refere às práticas não sustentáveis utilizadas nesse processo, tendo como resultado, por exemplo, erosão e lixiviação do solo e perca de espécies vegetais e animais nativos.

Como parte da solução para este problema, é apresentada a ideia do manejo de agro e ecossistemas em substituição à conservação, onde o planejamento de um mix de interações entre a agricultura sustentável e a biologia da conservação, proposta pela agroecologia, é mais eficiente do que simplesmente proteger esses ecossistemas naturais da influência antrópica (até porque influências vizinhas podem impactar tanto quanto se ocorressem no centro desses ecossistemas).

Nesse sentido, o planejamento em nível de paisagem vem estabelecer princípios e métodos a serem levados em consideração no desenho de agroecossistemas em concomitância à ecossistemas naturais. Nesse tipo de manejo, há um “mutualismo” entre manchas de habitat geradas a partir da influência humana, como a criação de ambientes agrícolas. Baseado nesta ideia, o seguinte questionamento é feito: Se manchas de habitat e mosaicos promovem uma alta diversidade gama em uma paisagem, por que então estas, por si só, não são suficientes para promoção da biodiversidade entre manchas?

Para responder a essa pergunta é preciso ter em mente que o movimento de organismos e substâncias e da interação entre processos físicos entre manchas é de essencial importância para a garantia do processos ecológicos como um todo. A partir disso, pode-se dizer que não adianta uma região ser altamente biodiversificada entre manchas de habitat (diversidade gama), se há um bloqueio entre os processos distintos em cada ecótono (borda) desta região.

Como exemplo dessa simbiose, tem-se a borda, a qual é definida como o processo de estabelecimento de habitats de transição, onde neles se desenvolvem tanto ecossistemas naturais quanto uma área cultivada. A zona tampão também constitui-se como outro exemplo dessa relação, onde uma área de borda pode proteger o sistema natural contra impactos potenciais negativos de práticas agrícolas, modificando o fluxo do vento, níveis de umidade, temperatura e radiação solar.

Outro exemplo dos benefícios desse tipo de manejo foi o ocorrido na cidade de Figueiró dos Vinhos, em Portugal, onde um sítio foi um dos únicos locais ilesos a um incêndio de grandes proporções que ocorrera na região, e que acabou vitimando 64 pessoas. A razão para este fato, posteriormente analisado por botânicos, estava na forma da distribuição da área verde da propriedade. Ao redor desta, foram plantadas árvores perenes anuais e lenhosas como carvalhos, castanheiras, oliveiras e sabugueiros e, como são espécies folhosas e densas e com copa volumosa, acabaram por diminuir a temperatura, além de armazenar água no solo, formando uma barreira contra o fogo.

Para o ideal manejo em nível de paisagem, deve ser incentivada a criação de relações benéficas entre ecossistemas naturais e agroecossistemas, em termos de pesquisa pura e aplicada. A agricultura sintrópica e sistemas agroflorestais são algumas perspectivas de nível nacional para o alcance de uma biosfera sustentável, alinhando sistemas naturais e sistemas cultivados.


2. Quais as mudanças principais que devem ocorrer na forma como os agroecossistemas convencionais de hoje em dia são manejados, para que eles contribuam com a conservação da biodiversidade, satisfazendo, ao mesmo tempo, as necessidades humanas de produção de alimentos?

Eliminando a necessidade do uso de insumos externos (de origem cultural industrial) através da inserção de manejos ambientais mais conscientes em relação à preservação e promoção da biodiversidade, como o manejo em nível de paisagem.

3. Por que a biodiversidade de organismos menores, menos visíveis, em ecossistemas, tais como fungos e insetos, é de importância potencialmente maior para a sustentabilidade do que aquela de mamíferos e pássaros maiores, mais visíveis?

Porque a sucessão primária e secundária, nos ecossistemas, parte da iniciação e geração de organismos menores, e só da metade sucessional para o início da maturidade é que organismos maiores/mais visíveis são inseridos. Portanto, a promoção de uma biodiversidade de organismos menores é uma das peças centrais na geração de toda a cadeia de sucessão e inserção da diversidade em ecossistemas.

4. Que tipos de critérios devem ser usados para determinar que espécies são mais importantes para preservação e favorecimento da paisagem agrícola?

  • Inimigos naturais para pragas atuais;
  • Populações benéficas que podem colonizar uma área de borda, como abelhas;
  • Espécies nativas como matas ciliares, produzindo efeito tampão;
  • Espécies de borda para proteção contra vento, umidade, temperatura e radiação;

Resumo e respostas do capítulo 19 - “A interação entre agroecossistemas e ecossistemas naturais” do livro “Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável”. Stephen R. Gliessman. 2001”.
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior - POLEDUC/UFC. Ano: 2018
Disciplina: Agroecologia