Marllus
Marllus Cientista da computação, doutorando em educação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 6

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 6
Foto - Mandala

Nos primeiros tópicos do capítulo em questão (17 - Perturbação, sucessão e manejo do agroecossistema), o autor discorre sobre a importância do enfoque nas práticas de manejo para o controle da perturbação e recuperação em agroecossistemas (fazendo um comparativo entre os convencionais e agroecológicos), a fim de alinhar esses pontos aos níveis dos ecossistemas naturais.

Uma das grandes desvantagens na produção em agroecossistemas é que naturalmente eles não são estáveis (por causa dos constantes insumos externos normalmente requeridos), por isso o autor tenta focar no que diz respeito aos conhecimentos sobre perturbação e sucessão para a promoção da fertilidade, produtividade e estabilidade no manejo que leva em consideração esses dois pontos sob a perspectiva agroecológica.

O autor identifica os fatores chave no processo de recuperação após uma perturbação e cita como característica de tendência em ecossistemas naturais o estágio de equilíbrio dinâmico, sendo o período em que o sistema atinge a maturidade, onde passa por constantes modificações, pela ocorrência frequente de novas perturbações. Porém, este cientista lança luz sobre a hipótese da perturbação secundária, e propõe a estratégia de manejo de agroecossistemas através da utilização da sucessão planejada, intensificando os processos de recuperação natural de ecossistemas, objetivando mais estabilidade, diversidade das espécies e eficiência energética. Claramente, neste ponto, percebe-se a defesa da ideia de que os agroecossistemas são, em sua definição, instáveis (e que precisam ser melhorados).

No primeiro momento, essa ideia parece gerar certo ceticismo, afinal, como transformar agroecossistemas que, em essência, são instáveis, em sistemas produtivos que “imitam” os processos de sucessão que ocorrem em ecossistemas naturais (“natureza”), mesmo não sendo possível estes chegarem à maturidade (a dita “fase” da estabilidade)?

Afinal, é fato notório que a agricultura convencional promove altos níveis de perturbação no ambiente cultivado, e que, nesta, os insumos humanos externos são utilizados com frequência, tornando-se um sistema limitado somente aos estados iniciais de sucessão (levando à produtividade, dependência externa e instabilidade). Nesse contexto, o autor propõe a utilização dos conceitos sobre sucessão e perturbação intermediária no desenho de agroecossistemas, a fim de avançar nesses estágios de recuperação através da resiliência sustentável à perturbação, alcançando, com isso, mais estabilidade. Em uma dessas propostas, o mesmo cita o sistema agroflorestal.

Com crescente utilização no país, agrofloresta é quando a cultura agrícola é consorciada com a floresta em regime de policultura, ou seja, estas melhoram a ciclagem de nutrientes, captação de água (umidade) e as relações de estrutura do solo através do crescimento profundo de suas raízes. Fora isso, a alteração do ambiente pelo sombreamento, criação de habitat para outras espécies e promoção da cobertura do solo são outros fatores em favor de sua adoção.

Como alinhar, portanto, o anseio dos agricultores que querem alta produtividade e o desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis, que levam em consideração o planejamento de toda a dinâmica de perturbação e recuperação no ambiente? Certamente, uma mudança de paradigma tem de ser promovida, incentivada principalmente com a inserção de políticas públicas governamentais em nível local para o fortalecimento da ideia de sistemas de sucessão contínua e cíclica. Só assim, no futuro, parafraseando o autor, um mosaico sustentável poderia ser alcançado.


1. Como um ecossistema é capaz de manter a diversidade de espécies, estabilidade e eficiência do uso de energia sem alcançar sua maturidade?

Através de casos em que as perturbações tem fases intermediárias de surgimento. Nesses sistemas, as perturbações retém a característica de alta produtividade do estágio pioneiro e a estabilidade geral do sistema permite a alta diversidade de espécies.

2. Como a paisagem de mosaico pode ser vista como um aspecto importante da dinâmica ecológica de ecossistemas?

Nela se produzem diferentes estágios de sucessão em nível global da paisagem, em que cada mancha é responsável por diferentes variações no seu desenvolvimento.

3. Qual o maior desafio do manejo de agroecossistemas utilizando o processo de sucessão?

O maior desafio na utilização desse processo é saber desenhar o modelo para se introduzir perturbações controladas que estimulem a produtividade e resistência do sistema, a medida em que ele mesmo evolui e retrocede.

4. Qual o papel ecológico das árvores numa agrofloresta?

Têm forte influência na ciclagem de nutrientes, captação de água (umidade) e nas relações de estrutura do solo através do crescimento profundo de suas raízes. Além disso, a alteração do ambiente pelo sombreamento, criação de habitat para outras espécies e promoção da cobertura do solo são exemplos importantes desse papel.


Resumo e respostas do capítulo 17 - “Perturbação, sucessão e manejo do agroecossistema” do livro “Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável”. Stephen R. Gliessman. 2001”.
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior - POLEDUC/UFC. Ano: 2018
Disciplina: Agroecologia